Não, eu não suporto mais esse grande ponto de interrogação dentro de mim. O que eu sou afinal? As perguntas, elas sempre têm respostas? Um certo dia eu me convenci que nem tudo tem motivo, nem tudo tem razão, e que isso é normal. É mais fácil viver assim. Sem ter que achar verdade em tudo. Sem ter que julgar todos os acontecimentos, pra tirar conclusões inúteis.
Não, eu não entendo porque eu sou assim. Fria, sem coração. Tão indiferente às emoções, às mudanças de humor. Tão constante. Ou o porquê de eu querer viver 24h por dia uma aventura roubada, não sei.
Nem sei porque sou tão facilmente conquistada e convencida a entrar em outra loucura, que passará mais rápido do que o meu piscar de olhos. Porque elas somem assim, como fumaça. Não deixam nada que dê orgulho, só me fazem mais solitária.
Não, não sei porque não acho o meu par, se é que isso realmente existe. Porque ninguém dá certo comigo, ninguém consegue me deixar constantemente presente. Constantemente acordada, ligada.
O motivo de eu sempre fazer as pessoas sofrerem me é desconhecido, só sei da minha fraqueza de lamentar ao sofrer por alguém. O sofrimento fortalece, aproveite quando sofrer.
Mas ser forte para quê? Eu já sou forte e meia, de nada adianta.
Quero conseguir porque? Se, ao ter, some a graça e a magia...
Na verdade, sou tão só e vivo em busca de algo para tapar esse buraco, quem será, o que será? Nem tem mais ninguém afim de me conhecer, ajudar.
Fujo para as inanimações e as pessoas fogem de mim.
Acharei um dia um motivo para mudar? sei lá. Só quero esquecer isso e tomar mais uns porres, pra esquecer isso e tomar outros porres. Porres para esquecer e vice-versa. Assim eu esqueço de quem eu sou.