Aprisionar.

quinta-feira, abril 16 5:54 PM postado por debs

Dois fios se entrelaçando fortemente. Intensamente. Tanto que chegaram a ser um só. Aproveitando o embalo do vento, entravam no ritmo, brincavam de dizer palavras com o corpo, brincavam de desenhar desejos, amarrando-se um ao outro, e tornando-se, da confirmação da necessidade, um único fio a voar. E agora eram singular.
Por que duas exclamações desejam se juntar? É tudo um processo. A exclamação a encontrar uma companheira, e viram ponto de interrogação, depois se transformam em vírgulas e reticências, para, enfim, tornarem-se um ou dois pontos finais. E o que parece tão monótono, se olhado de frente, se deixado para trás, parece cheio de vida, cheio de emoção, de velocidade. Parece um desenho animado que só dura um minuto, com uma pseudohistória.
Ou o toque que não ocorreu; as mãos que quase se encontraram, mas foram separadas pelas lágrimas ácidas que caíam incrédulas. Separadas como os fios uma hora irão se separar, voltarão a ser dois, voltarão a ser um par, ou cada um na sua em cada lugar.
Ele falou para ela: Tenha paciência comigo, não quero sua pena nem o seu arrependimento, quero a sua compreensão. Afinal, mesmo que não queiras, eu faço parte de ti, estou em ti. Eu tomo vários pedaços dos teus pensamentos, eu roubo vários suspiros teus, ainda. Sim, ainda estou estampado nas imagens que lhe passam pela cabeça quando tu vais dormir. É de mim que tu lembras, sou eu quem tu pensas em deixar. Mas não podes, sabes que não podes. Pois em mim tu plantaste a semente desse amor, a regaste, tu cuidaste para que ela crescesse, e agora grande e forte ela está. Virou uma planta com raízes firmes. É alta e resistente. Você se comprometeu a cuidar. Eu apenas cedi o solo onde esse amor se fortaleceu.
E Ela respondeu com o olhar, ele pareceu entender. Ela compreendia, sabia que era responsável pelo sentimento que despertou naquele peito diante do seu, mas não mais o compartilhava. Não mais eram confidentes de um amor simultâneo. Não mais podiam colocar seus sentimentos em frente a espelhos e compará-los. Não porque não fossem iguais, sentimentos nunca são iguais, e sim porque um deles era inexistente agora, os amores acabam, acontece. Compreenda se acontecer com você. É justo e certo entender, não se deve prender um pássaro que necessita voar, mas se tu abrires a gaiola e ele ficar, aí sim, considere que naquele momento ele te ama.
O necessário é mudarmos essa ideia do amor. Chego ao ponto em que o considero como religião; não deve ser discutido. Se para mim é só impulso cerebral, hormônios e instintos, e para tu é um milagre, respeito. Só tenha consciência de que nada é eterno, se quiseres eternizar o teu amor, faça isso enquanto ele estiver ao vosso redor, entreguem-se, gastem-se, aproveitem-se, e perpetuem até o dia do adeus, afinal, o ''que seja eterno enquanto dure'' tem mais sentido do que seus olhos destreinados podem enxergar.
Renda-se a algo, não ande em cima da corda da vida, prenda-se a ela ou solte-a com as duas mãos. Viva lúcido ou seja sonhador, depois dessa decisão, de qualquer forma, acordarás. E, o que você deveria fazer agora é ser uma linha a se entrelaçar na desvalorizada metáfora dos corpos.

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