Sabe quando você espera por uma pessoa com a qual você ainda nem criou laços? Espera por ela sem motivo, sem argumento, sem poder ter esperanças. Mas deposita nela pontos de felicidade, sabe que com ela você terá momentos calmos e tranqüilos, e por isso, perfeitos. Porque de momentos calmos e tranqüilos é tudo que você precisa para estar bem. Sabe quando você fica constante nessa espera? E todo mundo que chega faz seus olhos brilharem de esperança sem por que... ? Na verdade você está triste, e essa tristeza talvez seja pela solidão, talvez não. Mas é certeza que essa saudade é apenas desculpa, é apenas para não admitir que a tristeza veio sem motivo e ainda assim te dominou. É apenas pela ânsia de ter de alguém aquela fina impressão de que ela é a pessoa que você sempre esperou, a que tira todas as chances das pessoas que te cercam, a que te faz pensar que elas não são suficientemente boas porque existe alguém melhor, alguém exatamente igual ou ainda perfeito que anda por aí (mesmo que seja alguém com quem você não possa deitar e ouvir música, ou contar histórias olhando pro céu, ou ao menos tocar) . É um relacionamento bem estranho, admito. Você se permite querer mais do que pode ter. Você se permite sonhar um sonho impossível de ser realizado. É tomado pela ilusão. Ah, doce ilusão. É um veneno com gosto de tutti-frutti. E eu ando te esperando para te ouvir cantar, o que me faz mergulhar mais ainda nessa mentira sem reticências, essa mentira misteriosa, excitante. Você é interessante por ser incompreensível. E eu vou seguindo a sua doce melodia para o rio.