Esperar.



E quando menos esperamos aparece alguém que muda todas as coisas em nós. Alguém que da o sentido que faltava a nossos poemas. Alguém que torna, aos nossos olhos, tudo lógico. Alguém que rouba nossa atenção e de vez em quando nos faz até esquecer de respirar. - Às vezes eu tento menos-esperar, mas quando é assim, forçado, não há aficácia. Essa ansiedade que se espalha no nosso corpo tão rapidamente como um gás, não permite que consigamos as coisas por distração. Uma falha. Esperar demais'. Eu não queria esperar por alguém, eu queria viver sempre o que eu tenho na hora, não o que já foi ou o que ainda virá. Mas vejo que esse alguém desconhecido é totalmente indispensável à minha esperança. Que sem ter a ilusão desse alguém, não consigo fazer com que meus sonhos tenham nexo; que quanto mais eu desejo, mais se distancía. E mais dói em mim. É tão inexplicável como o vício em uma droga que nunca se provou. A saudade do que você nunca sentiu. A falta do que você ainda vai conhecer. O vazio.
E se olho pro lado, vejo alguém feliz, que tira minha atenção, é a isca perfeita. E daí o Alguém aparece. E me deixa ludibriada. Como eu esperava, me encanta e me rouba a realidade crua que encaro agradecida por pelo menos viver. Tudo acontece tão rápido, tão intenso. Tão asfixiante. Tão venenoso. E acaba tão do nada. Me deixando assim, novamente, de mãos vazias, machucada. E me perguntando - Cadê? Estava aqui nesse instante. Eu vi! Como pôde ter sumido assim? Tão diante dos meus olhos, sem me deixar notar?...' tão decepcionada.
E quando me conformo o vejo indo embora. Tudo desaparece da minha vista, só fica ele caminhando de costas pra mim, na direção do vento, que é contrária à minha, mas para a qual olho agora. Me sinto imóvel e paralizada. Quero fazer alguma coisa mas não tenho força nem coragem. (Talvez por que tenha aprendido que é assim, hipnotizada, sem perceber. Talvez por que meu subconsciênte já tenha se tocado, já seja mais realista que eu. Talvez por que meu coração aparentemente infantil seja maduro o suficiente pra me dizer a hora de parar, talvez por que dentro dessa minha cabeça quase vazia, exista o juízo necessário pra me ensinar a dizer adeus, a aceitar o fim das coisas, mesmo quando elas não acabam bem). E eu não entendo por que isso não me satisfaz, afinal, não era isso que eu dizia querer? Consegui? Sim. Tive a minha aventura? Tive. Mas será que era isso realmente que eu precisava? Será que me engano dizendo que só quero curtir, quando na verdade quero fincar raízes em algum lugar, com alguma pessoa? Será que me digo essa aventureira por pura ventade de a ser? De achar que assim eu não sofreria? Talvez. E talvez realmente não fosse sofrer, sendo o que seria. Por que quando se é o que é se está em paz. Mas assim não. Almejando ter outro tipo de coração. Um coração duro e com muros altos. Eu não sou assim. Eu sou mole, sou impressionável. Sou boba. Sou fraca. E, infelizmente, sou sonhadora - mesmo não querendo acreditar nessas ilusões que são pouco-prováááveis de se transformarem em realidade, acredito. É um sentimento mais forte do que eu. Incontrolável. Mas mesmo assim deixo o Alguém ir embora. Sabendo, porém sem querer aceitar que essa é a ordem natural das coisas. A vida sempre é assim. E com o único consolo de saber que "Pelo menos ele foi embora antes que o meu amor por ele fosse", mas o contraponto "Mas assim o meu amor vai demorar mais a partir, só por isso." Na verdade eu queria que eles fossem juntos, em paz.
E conformada viro de costas ao Alguém. Sigo na minha direção, fragilizada. Sentindo inexplicavelmente o gosto de reticências inexplicável que ele deixou em mim.

tudo novo, de novo.

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