EUxEUxELE

sábado, setembro 20 5:35 PM postado por debs

Seres intransponíveis transitavam de lá para cá. Eu me via sentada no batente, com um ciagarro aceso quase no filtro, quase apagado, quase rasgado, em uma mão, e uma garrafa seca de vodca na outra, mas na verdade me encontrava parada de pé, no meio da multidão de adolescentes.
Tentava me concentrar em observar as garotinhas ludibriadas que corriam em círculos naquela praça, em busca do "fica ideal". Elas não sabiam, mas eu podia notar que aquilo era só carência. Era só desejo de chamar atenção. Era só necessidade de esquecer a semana sem graça, na qual pensaram em todos os dias no sábado que nunca chegava, embaixo daquelas ávores frondosas, com algum desconhecido, passando-lhes a mão na bunda.
Em meio à alguma distração, chamavam-me atenção os garotos. Que se vestiam daquele jeito unicamente com o propósito de se sobressairem. Andavam por ali pensando na longa e curta madrugada que os esperava, cheia de álcool, maconha e mulheres feias. Outros, tristes, tentavam aproveitar cada segundo da mini-farrinha antes que o horário de voltarem para casa chegasse. Era para aquilo que viviam a semana toda? Era pensando naquilo que se arrastavam por tantos quilômetros?
Danem-se. Também tenho problemas. Minha vida também tem suas chatices. Tem suas desilusões amorosas; como o cara que tanto me confundiu aquela noite. Quer saber? Depois de passar um tempo ficando com um amigo dele, pelo qual eu, ridícula e sinceramente, me apaixonei, resolvi desencanar, e, pra minha futura infelicidade, comecei a ficar com ele. Algo quase proibido. É, se eu fosse politicamente correta não teria começado. Afinal, era melhor amiga da prematura ex-namorada dele. Que ainda o gostava, pra piorar a situação. Mas o moleque conseguiu me envolver de tal forma, que não pude evitar. Quando olhei, já estava acostumada com os fatos. De problema em problema, confusão em confusão, cheguei a hoje. Cheguei a hoje com ódio dele. Por ele ter abandonado a garota, sem dar-lhe satisfação convincente. Por depois ainda dizer que era COMIGO que queria ficar. Por ter insistido na idéia de que eu queria que ele ficasse só comigo, apenas comigo, até que eu, cansada de dizer-lhe que não, concordasse. Por depois ter dito que fui EU quem pediu isso. Por enraivecer-se de ficar apenas com essa pessoa aki que vos fala. Por sumir do nada e ainda achar que fui eu quem mudou. Por saber que tem culpa e nada fazer para remediá-la. Por ainda dizer que me quer, mas deixando-me enxergar nos seus olhos que além de querer a mim, quer à todas as outras presentes. A raiva de ter raiva de do garoto. A raiva de ele conseguir me deixar com raiva. A raiva da raiva ser algo tão constante em meus desabafos. A raiva da raiva atrair para mim outros tantos sentimentos ruins. A raiva de no fundo saber que eu gosto dele. Que sim, que eu gosto. E que, não sei o que fazer. Minha cabeça me diz com razão: Afaste-se! Não se deixe levar por essa conversinha sem nexo e sem graça desse boboca. Ele só quer te usar. Ele só quer te aproveitar enquanto não enjoa. Enquanto não fica afim de uma amiga sua. Enquanto não cansa de te ver. Não fique mais com ele. Ele não te merece. Não merece sua consideração. Não merece que você cuide dele quando ele está bêbado, não merece que você o console e o abrace para acalmá-lo. Não merece que você vá comprar açúcar para que ele não passe mal. ELE não merece que você perca seu tempo, chegue mais tarde em casa, ande por ruas perigosas, seja quase assaltada, e escreva textos no seu diário virtual sobre ele. Por que ele é um cachorro, canalha, e por que você sabe, aaah, e como sabe que não deve tratar com prioridade quem te trata como opção. Por outro lado, sei que me apeguei a ele. Sei que me acostumei demais a tê-lo sempre em minha companhia. E acho que isso me confundi demais. Meu coração está desnorteado. Não tem certeza do que quer. Se quer ficar com ele, apesar da burrice que isso seria, se sente falta dele, se gosta mesmo dele ou se só se apegou e não está apto para desapegar-se tão rapidamente, tão forçadamente, tão repentinamente. Ele não sabe, eu não sei.
Fui sincera quando respondi isso à sua pergunta: "Você ainda quer ficar comigo? (não quero saber se você vai, quero saber se QUER). Eu não sei, mas eu queria muito saber.
Apesar de achar que dessa vez não vou me importar com isso. Que vou obedecer a cabeça. Que vou pensar mais em mim. Eu já deveria ter aprendido, com tantas experiências falhas que tive, que esse negóicio de sentimento só me fode. Acho que tenho algum tipo de azar para essas coisas. Mas não tenho coragem, é, não tenho coragem. Isso seria novo demais, e admito, tenho medo do novo. Me acostumei muito a tentar, a achar que no fim poderia dar certo. Não sei como ser diferente. Ninguém me ensinou a ser. Ninguém tentou me explicar, ninguém quis me mostrar . Ninguém ligou para isso. Então ninguém tem o direito de chegar em mim e esperar que eu aja com a cabeça e não com o coração. Que eu seja racional.

Eu não sei o que fazer. nessas horas me pergunto pra que serviram os tantos textos que eu li, para que estudei tantos filósofos e psicólogos, para que quis sempre aprender sobre o comportamento humano. Nessas hora eu sinceramente não vejo nenhum lucro em ser sempre tão intelectual sobre coisas que só deveriam me ajudar a entender, mas não ajudam. Perca de tempo?

queria ter a inteligência intra-pessoal.
Dane-se a lógica, o raciocínio. Dane-se a habilidade de se mexer em sincronia. Dane-se a facilidade de compreender textos. Dane-se todo oresto. Têm horas que tudo que eu queria era me entender, e saber, por me conhecer, a melhor atitude à se tomar, o melhor caminho a se seguir, a melhor escolha a se fazer.

dessa vez, eu escolho eu, ou escolho você?

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