O leão e a lebre.

quinta-feira, maio 21 5:19 PM postado por debs

Essa sala vazia, essa sala... Será que falta algo aqui? Será que estar sozinha não basta? Não é o que eu sempre quis? Acho que não... Ter medo não quer dizer querer estar só. Só porque eu tenho medo de não agradar o público, de não convencer, não atrair. Eu só quero é que tudo se foda por um tempo, deixar tudo explodir e se construir de novo. Não é assim. Não funciona assim. E eu sei. Só que eu odeio essa minha loucura, esses meus devaneios, e insinuações. Não falar coisa com coisa, ser dramática. Embora seja a minha realidade, eu odeio falar. Demonstrar ser a psicopata, não a que mata, a que manipula e outras coisas mais. Odeio ser absurdamente tão magra, tão tagarela e tão neurótica. Odeio fugir da linha da normalidade e flutuar nessa confusão. E eu não sei o que é. O que é que me prende, que me puxa, que me repele; no que que eu penso ou no que não quero pensar. Não sei parar!, esse ritmo tá acabando com os meus pneus... E hoje eu sou a pessoa mais insuportável que você já conheceu. A mais reclamona. Não suporto nem o barulho da chuva nas telhas de vidro da escada. Não suporto meu cabelo, meu corpo feio, minha cólica, minhas vontades. Não suporto a minha felicidade. Surtei. Finalmente eu surtei. Mas... quem disse que eu esperava por isso ansiosa? Eu só sabia que a hora chegaria em breve. Não tem problema. Meus finais de semana são legais, minha semana não é insuportável, tenho alguns amigos, uns planos, umas danças que gosto, tem o teatro, o espetáculo... está tudo bem. Eu não mudei (muito), mas me odeio. Limitada nas ilimitações. Ilimitada nas limitações.
Eu ando fugindo de mim pela casa.
Não quero tomar banho, escovar os dentes, o cabelo. Não quero fazer a cama, trocar de roupa, lavar os pés. Não quero sair hoje nem ver ninguém. Enquanto eu estiver sozinha o meu tempo é diferente. As horas passam com um minutos, enquanto eu mergulho no mundo que criei na minha cabeça. Não quero estar envolvida diretamente com alguém e ter que me importar com alguma reciprocidade.
É tudo tão complexo, tão complexo que o que escrevo é apenas o que corre pela minha cabeça agora. O dia todo é assim, coisas loucas, diferentes e inéditas. Eu poderia te enlouquecer também.
Falando nisso, fui eu quem me enlouqueceu.
Nessa guerra travada dentro de mim, onde minha consciência briga com o meu cérebro, ... ele me enlouqueceu primeiro, e agora, mesmo sabendo que não é de propósito, eu tento me vingar. E estamos sozinhos na sala. Eu e o meu cérebro manipulador e sagaz. Imediato.
Eu ando fugindo de mim pela casa, mas agora me encontrei, é como um beco sem saída.
Porque essa personalidade, que é uma das muitas que eu tenho, cada uma em um lugar diferente, cada uma com certa pessoa, é a que eu nunca mostraria pra ninguém. Ah, como eu tenho vergonha dessa fraqueza, dessa fragilidade, desse tombo, desse calcanhar imune.
Quando eu amo ficar só, é pela paz interna que o silêncio dos outros me proporciona, quando odeio é ser colocada contra a parede com um punhal no pescoço, atacando e sendo atacada.
E no final das contas acordo do transe repetindo: sou apenas um diagnóstico.

3 Response to "O leão e a lebre."

  1. sempreemim Says:

    Isso é bom, apesar de tudo é bom..
    São coisas que você só intende se acontecem com você!
    constrói!

  2. Rêmulo Melo Says:

    Temos que fugir nós às vezes, para nos encontrarmos. Escapar do muro que nos vigia e nos defrontarmos com algo parecido conosco.

    Visita meu blog.
    remulomelo.blogspot.com.br

  3. Thiago Says:

    Eu só quero é que tudo se foda por um tempo, deixar tudo explodir e se construir de novo......

    Hora de ver a nova connstrução....