POETAS!

quinta-feira, outubro 1 2:40 PM postado por debs

Ah, os velhos poetas. Que se deliciavam em tardes frias de domingo debruçados sempre em uma majestosa máquina de escrever. Ah, como dói ser tão moderna, ou ter de sê-la de qualquer forma, para pelos menos existir. Ah, poetas, não chorem, não... que os impressos ainda são melhores e que nós ainda podemos cantar o amor.

Danem-se aqueles que vulgarizam as formas de amar. Eu ainda existo, alguns outros justos ainda existem também. E enquanto nós existirmos, não tema, o verdadeiro amor estará a salvo. Por que nós somos o amor. Nós, poetas do mundo. Nós, tradutores das luas cheias e dos pores-do-sol. Nós mesmos, que dispomos de tanta emoção e nos compomos simplesmente de persistência, sempre lutando por um suspiro recíproco, ainda que um desses venha a demorar mil eternidades. E somos nós, palhaços dia a dia, nos bons e nos maus sentidos, que começamos as frases dos sentimentos e damos a deixa para o amor espontaneamente fluir de cada um.

Nem um cantarolar de paixão passa inaudível entre nós, nenhum assobio de felicidade deixa do nos contagiar. Por que se nós somos poetas, amor é para se cantar.

Ainda podemos viver sob a lembrança daqueles olhos tão belos. Ainda sabemos cantar aquele nome tão presente. Ainda vivemos de momentos mágicos. Ainda rimos e sofremos, e sofreremos eternamente. Por que há guerras em que valem a pena os ferimentos.

E fechar os olhos pensando em alguém sempre será sagrado enquanto formos nós mesmos. Nesse negócio de paixão, a sinceridade vale mais do que toda a beleza pintada no mundo, por que não há perfeição e é isso que nos faz tão fieis.

É tropeçar nos gestos que entrega o nosso amor. É ser bobo da forma mais honrada possível. É enxergar a poesia do cotidiano e, sobretudo, o valor que há em todos. É pensar em largar, em acabar; em matar; mas desistir de tudo ao som de um único e mísero “meu bem”, tão bem-vindo!

Não deixaremos essa luta cessar. Por um sorriso sincero, por em beijo roubado, por uns trocadinhos de amor, iremos brigar.

Ah, mortos, vivos, passado. Não temam não. Vocês sabem que isso de ser poeta, nasce conosco. É uma doença incurável da qual nunca quero que descubram a cura. Para que possamos passar esse vírus para todos que pudermos. Que espirremos amor, que lancemos alegria, e que ceguemos o mundo da triste solidão do dia-a-dia.

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