teatro vazio

Faz tanto frio nesse corpo magro, sem agasalhos e sem amigos para esquentar. Eu em nada posso me agarrar, não há onde segurar. Donde veio esta solidão?
Cada suspiro é uma lágrima preguiçosa.

Esse meu rosto plácido esconde tanta loucura. São pensamentos sem nexo pintando histórias incoerentes na minha imaginação aberta. E esse coração plúmbeo, sempre sozinho, agora chora pelo que já aceitou.
Eu nunca reclamei da solidão. Pelo contrário, meu bem. Sempre a quis como única companheira. Talvez eu seja sim uma antissocial admitida. Ficar sozinha sempre foi a minha redoma, a minha muralha. O mais sozinha possível. De todos, trancada no fundo do quarto, embaixo do edredon. Onde eu posso sorrir em paz, e chorar em paz. Onde nem deus me escuta. Onde se pode ser você mesmo, sem ligar para convenções sociais inúteis que inexplicavelmente preenchem meu dia-a-dia.

É como nascer sem metade de um braço, e, anos e anos depois, senti-lo começar a arder.
Eu não tenho ninguém, eu só tenho o álcool, a erva, o computador. Eu só tenho os livros, o travesseiro, a dor. E isso sempre me bastou.
Até agora.

Será que há alguém por aí que se encaixe nas minhas excentricidades?

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