manhã de domingo

Não posso dizer que foi inteiramente que senti a tua presença naqueles beijos. Mas posso afirmar que, em todas as vezes que eu estava pensando em alguma coisa quando estava com ele, era em você. Como uma maldição. Em cada toque, cada gesto, cada abraço, eu sentia você ao meu lado, imaginava que era o seu calor, sentia a sua falta, sabia que queria que fosse você, e não ele, ali.
Tantos motivos para te querer de volta. Talvez o medo de sumir do seu coração, de não ter a certeza de que alguém, pelo menos, estará ali me esperando, no futuro, pelo passado.
Porém, eu lembro do quanto te magoei. E, ainda assim você permaneceu ali, a me olhar. Quantas vezes resolvi sair da sua vida para evitar te causar mais dor. Eu não consegui, por egoísmo. Te machuquei mais, coloquei em risco o que restou de nós dois. Você, então, começou a reagir, o que aumentou bastante meu sofrimento.
Não sei se devo lutar para trazer tudo de volta. Tenho medo de conseguir e errar mais uma vez.
Mas é que ultimamente não penso em nada, nem sinto fome, frio ou dor. A única coisa que toca a minha pele é a saudade que você deixou ao pronunciar-se humano. Entrei novamente no abismo da minha mente, no meu monólogo infinito. É uma audição onde eu sou a promotora, a ré, a juíza.
Que falta você faz, querido. Mesmo pisando em mim, agora, não existo sem você.
A casa está vazia, o sol não chega até aqui, e acho que tenho que te esquecer, apagar seu gosto de mim.

1 Response to "manhã de domingo"

  1. Santiago Says:

    meu deus, perfeito deh! melhor texto que já vi aqui. cara, era isso que eu queria ler. é tão reconfortante, ver que alguém passa pelas mesmas coisas que eu.:/